Lançando Fora a Incredulidade

David Wilkerson

“Saiu Jesus dali, e foi para a sua terra [Nazaré]... e muitos, ao ouvi-lo, se maravilhavam, dizendo: ...que sabedoria é esta que lhe é dada... E não podia fazer ali nenhum milagre, a não ser curar alguns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos. E admirou-se da incredulidade deles” (Marcos 6:1-3, 5-6).

No capítulo anterior a este, Jesus operou milagres maravilhosos. Ele expulsou uma legião de demônios de um endemoniado. Uma mulher foi curada instantaneamente de uma hemorragia que a assolara por anos. Uma garota de doze anos, a filha de um governante judeu ressuscitou dos mortos. Ao operar tais milagres Ele disse àqueles que libertou, “a tua fé te salvou” (Marcos 5:34; ver também 10:52; Mateus 9:22; Lucas 7:50, 8:48, 17:19, 18:42).

Então, no capítulo seguinte Jesus vai à Sua cidade natal, onde encontrou o pior tipo de incredulidade. Nazaré era onde Jesus crescera, vivendo os primeiros trinta anos. Agora, Ele voltara à Sua terra, para estar no meio da própria gente, incluindo a própria família.

O povo de Nazaré ouvira a respeito das grandes obras de Jesus. Tinham ouvido todas as histórias maravilhosas dos “milagres de suas mãos”. Entretanto, para eles, tais coisas aconteceram em outro lugar – em outras cidades, outros locais, outras comunidades, não em Nazaré.

Em outro lugar – a apenas um dia de viagem – as pessoas estavam regozijando por causa do poder de Jesus em operar maravilhas. Em outro lugar, obras maravilhosas de Deus estavam acontecendo, com multidões se reunindo e milagres abundando. Em outro lugar, as pessoas estavam vendo despertamento espiritual, e nova esperança chegando aos desesperados. Havia grande entusiasmo na terra, mas para o povo de Nazaré era sempre em outro lugar.

Devemos entender que estas pessoas frequentavam a igreja, amavam a Bíblia, eram sinceramente religiosas. Amavam a palavra de Deus e comentavam de Jesus dizendo, “Conhecemos Ele e Sua família. Ele é um bom exemplo”. Mas eles não aceitavam Cristo como Deus encarnado.

O fato é que estavam espiritualmente mortas. Elas conheciam a reputação de Jesus como operador de milagres, realizando livramentos poderosos. Mas não tinham fé, não tinham expectativa. Em outros locais, Jesus era recebido com fome, as pessoas rogavam, “Que havemos de fazer para praticarmos as obras de Deus?” (João 6:28). Nenhuma pergunta como essa foi feita em Nazaré.

Ninguém na cidade de Jesus se perguntou, “Por que não podemos experimentar o que estes outros lugares tiveram? Por que não podemos ter uma visitação do poder de Deus bem aqui? O que é preciso para vermos um sacudir do Espírito?”. Ao invés disso, continuavam satisfeitos consigo mesmos.

Amado, esta é a tragédia para muitos cristãos hoje, assim como para muitas igrejas. Eles ouvem do grande mover de Deus em outro lugar, com muita operação de poder e multidões experimentando livramento. Mas ninguém pergunta, “Por que não aqui? Por que não agora?”.

Uma geração inteira de evangélicos cresceu reconhecendo Jesus o homem. Eles sabem que Ele operou milagres enquanto esteve na terra, e que ainda opera milagres em outros continentes. Eles sabem que os salvou e que Seu Espírito aviva a palavra dEle nos corações. De fato, elas acreditam em todas as coisas escritas sobre Jesus na Bíblia. Mas não reconhecem Cristo como Deus aqui, Deus agora, em suas próprias vidas.

Veja, podemos testificar de nosso relacionamento com Cristo, podemos chorar quando O adoramos, podemos dizer que somos amigos de Deus. Mas deve chegar uma hora, em meio às lutas e tribulações, quando verdadeiramente permitimos que Ele nos seja Deus – o Deus do impossível.

As escrituras nos dizem que o Senhor não faz acepção de pessoas; e deseja fazer por qualquer pessoa as mesmas grandes obras que faz “em outro lugar”. No entanto, em qualquer lugar em que a fé oscile, as mãos de Deus ficam atadas. “E [Jesus] não podia fazer ali nenhum milagre, a não ser curar alguns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos” (Marcos 6:5).

Não se engane: o poder de Deus estava prontamente disponível em Nazaré. Jesus colocou-se no meio deles, cheio do poder operador de milagres - querendo libertar, curar, reavivar, operar grandes coisas. Mas declara, “Não posso operar aqui”. Por quê? “E admirou-se da incredulidade deles” (Marcos 6:6). Em outras palavras, Jesus ficou chocado. Ele ficou aturdido que Sua própria gente não via ou ouvia as obras de Deus, que não aceitava o testemunho de outros em outros lugares. Então Ele seguiu adiante.

O Senhor opta por simplesmente não responder à incredulidade. Ele se aflige toda vez que Seu povo “duvida do Santo de Israel” (ver Salmos 78:41).

Onde há incredulidade, existe um deserto seco e morto. As pessoas são deixadas completamente sem esperança. Contudo, na verdade, não existe “lugar morto”. Existem apenas cristãos mortos, que não têm fé. Nada é demasiadamente árduo para Deus.

Anos atrás quando eu era criança, certo evangelista – um desconhecido homem de fé – foi à Argentina com uma visão de Deus para salvar aquela nação. Esse homem não era um grande pregador, apenas alguém com uma centelha de fé genuína. Ele começou falando em pequenas igrejas, pregando a fé: “Deus abrirá as portas, se você confiar n'Ele. Ele salvará centenas de milhares. Está na hora de levar Sua palavra a sério”.

O Senhor respondeu à fé daquele homem. Centenas de milhares realmente vieram a Cristo, e um grande mover de Deus se espalhou por toda a nação. Um parente do General Perón foi milagrosamente curado, e ele apoiou o humilde evangelista. De repente, reuniões estavam sendo feitas em estádios com 200.000 pessoas presentes. Teve uma vez em que o evangelista orou com o próprio General Perón. Esta grande operação de Deus ainda prossegue na Argentina hoje.

Pastores brasileiros famintos pegaram o vento das grandes coisas que Deus estava fazendo na Argentina – em outro lugar – e viajaram para testemunhar. O que eles viram pôs fogo em sua fé, e seus corações ardiam para verem poderosa operação de Deus em seu próprio país. Um grande mover do Espírito se seguiu, com multidões no Brasil sendo salvas e avivadas. Hoje aquele grande mover continua, com milhões de crentes.

No Chile, ministros ouviram a respeito do que Deus estava fazendo no Brasil – em outro lugar – e eles também pegaram a centelha. Eles começaram a pregar a fé, orando, “Senhor, se fizestes no Brasil, Tu podes fazer aqui”. Como resultado, milhões de chilenos estão agora no corpo de Cristo, com uma estimativa de 30% da população identificada como crentes evangélicos.

Vizinho com a Argentina está o Uruguai, um país que nunca viu um mover poderoso de Deus. Enquanto escrevo isso, nosso ministério está preparando reuniões para 2000 pastores naquela nação, para lhes dizer o que estou escrevendo para você: “Onde quer que haja fé, Deus está se movendo. Não é o suficiente ouvir o que está acontecendo em outro lugar. O mesmo Deus que Se move em outros países quer se mover no seu meio. Ele não faz acepção de pessoas”.

Não podemos simplesmente ficar satisfeitos com os milagres que ouvimos dos outros recebendo do Senhor. Algo em nosso coração deve dizer, “Não é o suficiente para mim meramente aplaudir essas coisas. Senhor, o que fizestes nos outros lugares, faça em nosso meio”.

Anos atrás, Deus me disse para ir para a cidade de Nova York e pregar para membros de gangues. Me disseram que seria ridicularizado, porque na época dizia-se que não havia cura para viciados e alcoólatras. Fui avisado de que as gangues não ouviriam um pastor vindo do interior. Mas cri na palavra que Deus me deu. Não havia dinheiro, não havia um planejamento, somente fé simples.

Imediatamente, Deus salvou o pior líder de gangue e depois um viciado em heroína. Aquele líder de gangue era Nicky Cruz, que hoje tem um ministério mundial. O viciado era Sonny Argonzoni, que serve como bispo sobre 200 igrejas que ele fundou ao redor do globo. Foi o início de um grande mover de Deus, alcançando viciados, alcoólatras, membros de gangues e a juventude, uma obra que continua até o dia de hoje. O Desafio Jovem agora tem 520 centros ao redor do mundo, porque as pessoas naqueles países não estavam satisfeitas em ouvir o que Deus estava fazendo em outro lugar.

Em Nazaré, e da mesma forma na igreja de hoje, a gente pode buscar a origem da incredulidade e chegaremos a um problema: as pessoas não creem que Jesus é verdadeiramente Deus. Elas não O veem como o Todo Poderoso Senhor em forma humana. Elas não confiam n'Ele para que seja o Deus do impossível por elas. E suas dúvidas falam alto. Satanás e suas forças ouvem atentamente a linguagem de crentes em crise. E no momento em que ouvem um deslize de questionamento ou murmuração, eles se movem para estabelecerem um ponto de apoio. A incredulidade abre o coração para toda sorte de mentiras satânicas.

Com o tempo, conforme as lutas aumentam e a carne se afadiga, muitos cristãos tendem a deixar que o medo e a dúvida se insinuem. Eles lentamente perdem o que no passado foi uma renúncia total para fé em Deus - e esta fé simples com a de uma criança, diminui. Cautela e questionamentos invadem seus corações.

Amado, assim como Jesus foi frutífero na confiança no Pai, nossa fé é medida da mesma forma. “Cristo o é como Filho sobre a casa de Deus; a qual casa somos nós, se tão-somente conservarmos firmes até o fim a nossa confiança e a glória da esperança” (Hebreus 3:6, itálicos meus).

Vejo três coisas que todo crente deve cuidar em fazer:

“O Diabo... é homicida desde o princípio, e nunca se firmou na verdade, porque nele não há verdade; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio; porque é mentiroso, e pai da mentira” (João 8:44). Esse versículo expõe Satanás como “o pai de todas as mentiras”, o inventor e instigador de cada fraude. Todas as mentiras nascem em seu ventre.

Deus alertou claramente a igreja quanto às fraudes de Satanás, especialmente nestes últimos dias: “E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, que se chama o Diabo e Satanás, que engana todo o mundo... o acusador de nossos irmãos, o qual diante do nosso Deus os acusava dia e noite... a serpente lançou da sua boca, atrás da mulher, água como um rio, para fazer que ela fosse arrebatada pela corrente” (Apocalipse 12:9-10, 15).

O que é a “corrente” relatada aqui? É um rio de mentiras, com o intuito de rebentar a paz e a confiança dos santos de Deus. Ele busca nos fazer perder o controle - implantando dúvidas em nós quanto à fidelidade de Deus.

Pergunto, para quem o Diabo mente? Não é para Deus. Satanás sabe o suficiente para não tentar isso. Ele também não mente para os pecadores. Eles já estão aprisionados por seus enganos. Não, o Diabo mente para os crentes - aqueles que buscam de verdade, cujos corações estão firmemente assentados em Deus. De fato, podemos afunilar ainda mais esse grupo: Satanás lança suas piores acusações – as enganações mais sutis e convincentes – contra aqueles que estão determinados a entrar no descanso prometido por Deus.

“Portanto, resta ainda um repouso para o povo de Deus; pois aquele que entrou no descanso de Deus, ele próprio descansou de suas obras, assim como Deus das suas. Procuremos, portanto, entrar naquele descanso, para que ninguém caia no mesmo exemplo de desobediência” (Hebreus 4:9-11).

O que significa “descansar em Deus?” É chegar a um ponto de total confiança nas promessas do Senhor. Descansar em Deus significa que não existe mais conflito de dúvida ou medo, mas antes, uma confiança estabelecida e tranquila. É um crer contínuo de que Deus está conosco, de que Ele não falha, e que Aquele que nos chamou nos cuidará.

Assim que você pensa que está entrando nessa nova vida de confiança – quando você acha que sua carne está crucificada, e que está dependendo inteiramente do Senhor – a velha serpente vem com um pacote de acusações novamente forjadas. Ele sabe da nossa consagração ao Senhor, de nosso desejo de fazer tudo o que Deus nos chamou para fazer. Então Satanás trabalha para conseguir o ouvido de nossa consciência, e com mentiras horríveis ele nos acusa em tudo o que fazemos.

Veja, o alvo de Satanás é a sua fé. Ele sabe que se for permitido que sua fé cresça, ela irá tornar todas as mentiras dele sem efeito. Eis aqui alguns de suas maiores fraudes:

Mentira Número 1: “Você não está progredindo espiritualmente”

O Diabo cochicha: “Não importa o quanto você tenha ansiado por Deus. Apesar de toda sua autonegação, de todos os ensinamentos que absorveu, de todo o tempo que caminhou com Jesus, você ainda é fraco e medroso. Você recebeu tanto, contudo, isso mudou tão pouco a sua vida. Você jamais irá crescer espiritualmente, mesmo que viva até os cem anos. Alguma coisa está errada contigo. Os outros estão progredindo e te deixando pra trás”.

Mentira Número 2: “Você é muito fraco para a batalha espiritual”

Satanás cochicha, “Você está desgastado, fadigado, cansado. Você simplesmente não tem força para continuar lutando. Esta batalha espiritual é demais para você”. Para alguns crentes, a mentira seguinte vem a eles o tempo todo em que estão acordados: “É o fim da linha. Vá devagar. Reduza. Desista. Você está simplesmente cansado demais... cansado... cansado...”. É uma mentira que eu mesmo ouvi muitas vezes, no escritório onde leio a Bíblia e oro.

Recentemente nosso ministério recebeu uma carta de uma querida irmã que tem estado em dores constante por mais de dez anos. Ela disse, “Cheguei a um ponto em que tudo que quero na vida é ter uma hora livre da dor. Este é o meu único desejo, além de servir ao Senhor”. Havia tamanha resignação em suas palavras.

Muitos têm desistido de qualquer esperança de Deus mudar as coisas. Agora mesmo estou tendo de confiar ao Senhor a cirurgia nas costas de meu filho Greg. Também tive de confiar em Deus durante a morte de nossa neta, Tiffany. Tive de colocar todas essas tribulações nas mãos de Deus e orar por cura através delas. Sei que sem fé ao longo de minhas lutas, é impossível agradar a Deus.

Daniel alertou que Satanás seria bem sucedido em consumir muitos santos. “[o Diabo] Proferirá palavras contra o Altíssimo, e consumirá os santos do Altíssimo” (Daniel 7:25). A palavra hebraica para “consumirá” aqui, quer dizer, “esgotará mentalmente, tornará a mente fatigada”.

Satanás está determinado a nos derrubar levando-nos a ceder a um espírito de exaustão. É assim que ele visa roubar nossa fé. Quero lhe dizer que é mais fácil acreditar nessa mentira quando o corpo começa a se desgastar. Quanto mais velho eu fico, menos força física eu tenho. Simplesmente não tenho o mesmo fogo de outrora em gastar horas em oração. Não importa quão fiel você seja, seu corpo simplesmente perde força na idade avançada. Mas uma coisa permanece: o fogo da fé. A única coisa que posso dar a Deus até o dia de morrer é minha confiança n'Ele.

Você alguma vez já disse, “Estou mentalmente exaurido, completamente esgotado”? Isso não é pecado. O pecado vem em não crer nas promessas de Deus para força. Nós temos de trancar as mentiras do diabo pela fé. Que jamais nos movamos dessa posição: “O Senhor fará!”.

Mentira Número 3: “Deus não está com você. Você de alguma maneira O magoou”.

O Diabo cochicha “Deus ainda te ama. Mas Ele não está com você nesse momento. Tem alguma coisa em você desagradável, algo invisível a você. Sua benção está ausente no momento”. De repente, o inimigo o esbofeteia com a palavra de Deus fora de contexto: “O Senhor abandonou a Israel quando eles pecaram contra Ele. E esse seu tempo de aridez– suas lutas e problemas se acumulando – são todos evidências de que Ele não está com você. O Espírito Santo saiu de ti”.

Esta foi a mentira que Satanás plantou na mente de Gideão. Israel tinha sido entregue nas mãos dos midianitas e sofreu cruelmente em suas mãos. Mas o Espírito de Deus disse a Gideão, “O Senhor é contigo, ó varão valoroso” (Juízes 6:12).

Quando Gideão ouviu isso, ele olhou ao redor para a desastrosa situação de Israel e acreditou nas mentiras do Diabo. Ele questionou a Deus: “Se o Senhor é conosco, por que tudo nos sobreveio? e onde estão todas as suas maravilhas que nossos pais nos contaram, dizendo: Não nos fez o Senhor subir do Egito? Agora, porém, o Senhor nos desamparou, e nos entregou na mão de Midiã” (6:13).

A verdade é que Deus tinha entregado Israel aos midianitas para corrigi-los. Mas Ele jamais os desamparou.

Moisés avisou Israel que chegaria um tempo quando iriam se corromper. Iriam talhar ídolos e os adorariam, fazendo o que era mal aos olhos de Deus. De fato, esse pecado ameaçaria a própria existência de Israel, dispersando-os pela terra até que um pequeno número deles restasse.

Todavia mesmo com essa dura palavra profética, Moisés lançou fora toda incredulidade confiando em outra palavra do Senhor: “Mas de lá buscarás ao Senhor teu Deus, e o acharás, quando o buscares de todo o teu coração e de toda a tua alma. Quando estiveres em angústia, e todas estas coisas te alcançarem, então nos últimos dias voltarás para o Senhor teu Deus, e ouvirás a sua voz; porquanto o Senhor teu Deus é Deus misericordioso, e não te desamparará, nem te destruirá, nem se esquecerá do pacto que jurou a teus pais” (Deuteronômio 4:29-31, itálicos meus).

Temos ainda uma palavra ainda mais certa, vinda do próprio Senhor: “Porque ele mesmo disse: Não te deixarei, nem te desampararei. De modo que com plena confiança digamos: O Senhor é quem me ajuda” (Hebreus 13:5-6). “Eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mateus 28:20).

“Vede, irmãos, que nunca se ache em qualquer de vós um perverso coração de incredulidade, para se apartar do Deus vivo” (Hebreus 3:12). O autor está se dirigindo aos irmãos – santos, crentes. Ele não está se dirigindo a pecadores, mas, sim a coparticipantes do chamado celestial, dizendo, “Você, cristão – Preste atenção! Existe em você um coração perverso de incredulidade?”

O escritor de Hebreus amarra tudo junto: um coração perverso de incredulidade, endurecimento do coração, afastamento do Deus vivo. O fato é que a incredulidade é perigosa porque ela endurece, e se firma como concreto. É possível chorar um mar de lágrimas e ainda ser de coração duro.

Vemos isso acontecendo com Israel, quando Deus ordenou que fossem a Canaã e possuíssem a terra. Israel se recusou a ir, acreditando no “mau relatório” dos dez espias que espiaram a terra. A incredulidade deles destruiu sua fé e confiança em Deus. E então o Senhor os lançou no deserto para perambularem por quarenta anos.

Quando eles finalmente decidiram entrar e lutar, eles o fizeram sem Deus – e foram derrotados pelos amoritas. As escrituras diz isso sobre eles: “Voltastes, pois, e chorastes perante o Senhor; mas o Senhor não ouviu a vossa voz, nem para vós inclinou os ouvidos” (Deuteronômio 1:45). Lágrimas sem fé não têm significado.

Após a ressurreição de Cristo, o coração dos onze discípulos foi endurecido pela incredulidade. Eles sabiam que Jesus tinha ressuscitado, mas seus corações estavam cheios de dúvidas. Atente a estes acontecimentos:

“Ora, havendo Jesus ressurgido cedo no primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena... Foi ela anunciá-lo aos que haviam andado com ele... e ouvindo eles que vivia, e que tinha sido visto por ela, não o creram. Depois disso manifestou-se sob outra forma a dois deles que iam de caminho para o campo, os quais foram anunciá-lo aos outros; mas nem a estes deram crédito. Por último, então, apareceu aos onze, estando eles reclinados à mesa, e lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem dado crédito aos que o tinham visto já ressurgido” (Marcos 16:9-14).

Neste último versículo, Jesus reúne incredulidade e dureza de coração. (Em grego, a palavra é “insensibilidade”). Cristo não gostou do que viu nos discípulos, então os “repreendeu”, com o intuito de ralhar ou reprovar de maneira cortante. Em suma, Ele gritou forte com eles.

“Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. Cheguemo-nos, pois, confiadamente ao trono da graça, para que recebamos misericórdia e achemos graça, a fim de sermos socorridos no momento oportuno” (Hebreus 4:15-16).

Devemos levar tudo a Cristo. Mas o trono de graça não é um local onde devamos convencê-Lo a nos socorrer. Ele não precisa ser convencido; Ele está mais disposto a dar do que nós a receber.

Fomos convidados à sala do trono do Soberano do universo: “E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele a quem havemos de prestar contas” (Hebreus 4:13). Tudo está “nu e patente” para o Senhor. Ele sabe o que você tem passado, o que está passando agora e enfrentará adiante. E não está apenas do seu lado, mas esperando que você venha com ousadia a Ele.

Ele é amoroso, cheio de misericórdia, ansioso para ajudá-lo em sua hora de necessidade. E é compreensivo, porque Ele mesmo experimentou tudo o que nós estamos passando - em todos os pontos. Simplificando, nós não temos que explicar nada a Ele: “Jesus, Tu sabes o que estou passando. Não consigo colocar em palavras. Tu estiveste aqui antes. Me ajude”.

Em tudo isso, não devemos trazer para Sua presença a abominação da incredulidade. Antes, devemos “nos convencer”, estar “certíssimos”. “Mas vós, amados, edificando-vos sobre a vossa santíssima fé, orando no Espírito Santo” (Judas 20).

Caro santo, está na hora de fazermos dessa a nossa oração, hoje mesmo:

“Senhor, é o bastante. Faça em minha vida o que estás fazendo na vida dos outros. E faça aqui, agora, não somente em outro lugar.”

“Quando eu ficar esgotado ao fazer a Tua vontade, sei que posso confiar em Ti para me dar força, me levantar. Não vou me sentar e ficar alisando minhas dúvidas. Sei que tenho um local para ir na minha hora de necessidade. E não vou medir minha espiritualidade olhando para outrem. Estou deixando todo crescimento espiritual para Ti, Senhor.”

“Também não vou mais ouvir as mentiras do Diabo. Ao invés disso, vou edificar a minha fé, na Tua palavra. Sei que sem fé é impossível Te agradar. Amém!”