Honrando o Sábado

Sou um pregador à moda antiga que acredita em honrar o sábado. E um motivo por trás de minha convicção é que fui criado em casa de pastor, onde o sábado era honrado religiosamente.

Para nós, o sábado começava quando nós crianças éramos acordados bem cedo no domingo de manhã, para um dia inteiro na igreja. Primeiro vinha o culto da manhã, em seguida o almoço. Depois do almoço, todos tínhamos de tirar um cochilo, querendo ou não. (Às vezes isso parecia horrível. Tínhamos de nos deitar quando nos sentíamos cheios de vida!)

Depois de levantarmos dos cochilos, era-nos permitido ler alguma coisa silenciosamente, ou talvez ouvir músicas evangélicas. Então, domingo de noite, todos íamos à igreja novamente. E depois quando chegávamos a casa, íamos direto para a cama.

Este era o sábado típico de quando eu ainda estava crescendo. E todo domingo, o dia todo, tínhamos de nos abster de fazer qualquer coisa animada, como jogar bola ou correr por aí. Não nos era permitido nem mesmo usar tesouras para fazer trabalhos da escola. Nossos pais constantemente nos lembravam, “Este é o dia do Senhor, e é um dia de descanso”. E assim o mantínhamos santo.

Naqueles dias, as “leis azuis” estavam em vigor. Isto significava que não era permitido nenhum tipo de negócio no domingo, exceto os vitais, como hospitais ou postos de gasolina. Pouquíssimas lojas eram abertas; na verdade, se um comerciante abrisse sua loja por algum motivo, as pessoas iriam cochichar, “Este homem perdeu a religião!”. Até mesmo o pecador mais vil não pensava em comprar nada aos domingos.

Há um século, o grande evangelista D. L. Moody pregou uma mensagem inflamada deplorando toda forma de quebra do sábado. O sermão de Moody condenava namorados que passeavam de bicicleta nas tardes de domingo. Ele também clamou contra homens que liam jornais no sábado. Ele falou duramente até mesmo das mulheres, que aos domingos se vestiam com vestidos finos e usavam chapéus grandes e sofisticados. Ele alertava a todos eles: “Vocês estão quebrando o sábado. Tudo o que vocês estão fazendo é uma questão de orgulho e arrogância conta a ordenança santa de Deus!”.

Para os cristãos vivendo hoje, tudo isso pode soar extremado. Mas o fato é que Moody ecoou as opiniões e sentimentos profundos de uma multidão de crentes de seus dias. O sábado era o dia do Senhor – e não foi feito para prazer ou gratificação própria. Era um dia para se adorar a Deus e descansar de todas as demais atividades.

Hoje, contudo, o domingo não é mais um dia santificado. Pelo contrário, tornou-se o dia de maior compra de varejo da semana. Aos domingos, se gasta mais dinheiro que em qualquer outro dia. Se você for a qualquer shopping numa tarde de domingo verá o estacionamento completamente lotado. “Leis azuis” agora é coisa do passado.

O domingo também se tornou um momento de prazer e recreação. As pessoas ocupam o dia com futebol, esportes, compras, picnics. E se não interromper suas atividades de lazer, elas podem se apertar e arrumar uma hora para a igreja, só para aliviar a consciência.

Tristemente, o domingo e nem o sábado têm mais significado para a maioria dos cristãos. Toda sexta feira, milhões de crentes podem ser vistos indo para os esconderijos da família – uma casa de campo, ou nos lagos, etc. Para eles, o domingo é uma grande festa - um momento reservado para andar de barco, nadar, esquiar, participar de cruzeiros ou passeios.

Pode se perguntar – será que toda essa atividade é simplesmente uma escapada do legalismo rígido? Será que é realmente bom que tenhamos tornado o sábado uma observância espiritual, mais do que simplesmente uma obediência exterior legal? Seria isso até mesmo um sinal de maturidade espiritual?

O Senhor amontoou honrarias em Seu sábado ao longo de todo o Velho Testamento. Em uma passagem, Moisés diz, “... o Senhor vos deu o sábado...” (Êxodo 16:29). Em outras palavras, o sábado significava um presente de Deus para o homem. E tinha um propósito santo.

Veja, a palavra “sábado” significa, literalmente, “cessar”, ou “parar o que se está fazendo”. E quando o quarto mandamento diz, “Lembra-te do dia de sábado, para o santificar” (20:8), este descreve obediência desta forma:

“Seis dias trabalharás, e farás todo o teu trabalho; mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus. Nesse dia não farás trabalho algum... Porque em seis dias fez o Senhor o céu e a terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia descansou; por isso o Senhor abençoou o dia do sábado, e o santificou” (versículos 9-11).

Para o antigo israelita, o “sábado” significava encerrar virtualmente todas as atividades. No entanto em Números 15, lemos que certo israelita acolheu esse mandamento de maneira leviana. Ele foi pego fora do acampamento apanhando lenha no sábado.

Entretanto, quando o povo trouxe-o até Moisés, o líder de Israel não sabia exatamente como puni-lo. Todo israelita sabia que Deus havia ordenado ao povo guardar o sábado como dia santo. Mas não havia diretrizes claras sobre como castigar alguém que quebrasse este mandamento.

Ao ponderar o que fazer, o Senhor deu a Moisés esta palavra surpreendente: “O Senhor disse a Moisés: certamente será morto o homem; toda a congregação o apedrejará fora do arraial” (Números 15:35).

Ora, agnósticos têm usado esta passagem para zombar da justiça de Deus. Eles dizem, “Este é um quadro claro do quanto Deus é cruel. Ele apedrejaria alguém até a morte por pegar gravetos no sábado!”.

Não! Isso é uma distorção do significado da passagem. Na realidade, Deus estava ensinando ao povo que Suas leis são justas, e que sempre têm em mente o melhor para o interesse do homem. Deus estava dizendo, “Estou lhes dando princípios para tirar de cima de vocês os fardos da vida. Mas se continuarem quebrando estes princípios, vocês se extinguirão; e, ao fim, irão romper a fibra de sua própria sociedade!”.

A palavra de Deus deixa claro que a lei do sábado era um pacto perpétuo, que jamais deveria ser quebrado: “Guardarão, pois, o sábado os filhos de Israel, celebrando-o nas suas gerações como pacto perpétuo” (Êxodo 31:16).

Você pode pensar, “Mas isso soa como se devêssemos voltar às observâncias legais do sábado. Jesus não disse que o sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado? E Ele, bem como Seus discípulos, não trabalhou no domingo, colhendo grãos dos campos para comerem?”.

Verdade – Jesus comeu, viajou e até mesmo curou no sábado. Na verdade, a maior acusação dos fariseus contra Ele, era a de que Ele “quebrava o mandamento de guardar o sábado”.

Todavia, devo admitir – ainda tenho um grande respeito pelo sábado como um dia de descanso imposto. Para mim, o domingo ainda é um dia santo. E creio que Deus honra aqueles que Lhe dão este dia, mantendo-o santo.

Agora, não pretendo entrar em discussão quanto ao sábado ser o vigente dia de repouso, já que é legalmente o sétimo dia da semana. Mui simplesmente, a razão pela qual os cristãos observam o domingo como dia de repouso é porque foi nesse dia que Jesus foi ressuscitado.

(Lucas declara o domingo como observância do dia de repouso entre os primeiros cristãos: “No primeiro dia da semana, tendo-nos reunido a fim de partir o pão, Paulo ... falava com eles...” [Atos 20:7]. Paulo, também declara em sua primeira carta aos Coríntios 16:2, que os crentes se reuniam no primeiro dia da semana.)

Contudo, dito tudo isso, o que significa guardar o sábado como dia santo? O que Deus requer de nós ao guardarmos este quarto mandamento? Se não é apenas uma questão de obediência legal, e sim uma observância espiritual, então o que devemos fazer?

Todo sábado, longas filas de animais – mulas, jumentos, camelos – entravam e saiam de Jerusalém, carregando mercadorias com o intuito de serem comercializadas. Esta prática era tão comum, que o sábado logo ficou identificado com carregar fardo.

Os profetas de Deus ficavam de coração partido pelo que viam: multidões de compradores e vendedores, juntando seus carregados animais iam e vinham em total desconsideração com o mandamento de Deus. Os habitantes da cidade saíam de casa para fazer compras, e então retornavam carregando grandes fardos nas costas. E as pessoas do campo entravam pelos portões da cidade carregando seu artesanato e artigos para o mercado. Todos os filhos de Deus estavam carregando fardos pesados no dia do repouso do Senhor!

Quando Jeremias viu essa cena em um sábado, o Espírito de Deus se moveu sobre ele poderosamente. E, de repente, o profeta parou todo esse intercâmbio comercial bradando:

“Assim diz o Senhor: Guardai-vos a vós mesmos, e não tragais cargas no dia de sábado, nem as introduzais pelas portas de Jerusalém; nem tireis cargas de vossas casas no dia de sábado, nem façais trabalho algum; antes santificai o dia de sábado, como eu ordenei a vossos pais” (Jeremias 17:21-22).

Imagino um enorme engarrafamento de tráfego, com longas filas de mulas e jumentos zurrando, enquanto Jeremias profetizava: “Este é o dia de descanso – e segundo a palavra de Deus, vocês não têm permissão para carregar fardos. Vocês não podem tirar e nem trazer nada para casa sem quebrar a lei. É um dia santificado – e vocês estão pecando!”.

Amado, como todas as histórias do Velho Testamento, esta nos provê uma lição para estes últimos dias. De fato, creio que ela contém uma mensagem transformadora para nossas vidas, se tivermos olhos para ver e ouvidos para ouvir.

Eis aqui o que creio que Deus quer nos dizer quanto ao Seu santo sábado:

“Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos confins da terra, não se cansa nem se fatiga?...” (Isaías 40:28).

A Bíblia deixa claro: Deus nunca dorme. As escrituras dizem que Seu braço nunca está encolhido para nos socorrer, Seus ouvidos jamais se fecham aos nossos clamores. Então, quando Gênesis diz que Deus “descansou”, não significa que Ele simplesmente se sentou e tirou vinte e quatro horas de folga por estar cansado.

Conforme mencionei anteriormente, “sábado” significa “cessar” ou “terminar”. Creio que muito embora o Senhor tivesse Sua criação totalmente pronta após seis dias, Ele não pôde descansar – porque a obra não estava verdadeiramente terminada. Sim, Ele podia contemplar a maravilhosa criação – o sol, os planetas, a terra e Sua lua, as estrelas, as galáxias, bem como a imagem viva de Si próprio, o homem. Mas, Deus ainda não podia dizer, “Está bom”. Por que não?

O fato é que a criação de Deus – por mais perfeita que parecesse – poderia falhar. E isso porque no centro de toda ela estava o homem – uma criatura criada para viver na inocência e glória, mas que também tinha potencial para pecar, por livre arbítrio. Simplificando, o homem tinha a capacidade de trazer ruína à obra de Deus.

Então, o Senhor não podia descansar até que desenvolvesse um plano para salvar Sua criação, caso ela falhasse. Ele sabia que se o homem caísse, pecando por vontade própria, este não poderia carregar o pesado fardo de seu pecado; ele simplesmente sucumbiria em desespero. Por isso, em Sua perfeita presciência, Deus concebeu um plano de salvação – o ponto crucial para o trabalho de criação.

Eis o plano: se o primeiro Adão fracassasse, Deus geraria um segundo Adão – Seu próprio filho. E investiria n'Ele todo Seu poder sobre a criação. Deus poderia dizer, “Nada pode destruir Minha criação agora! Quando os homens e mulheres se sobrecarregarem de pecados, eles não terão de carregar o fardo – porque lhes darei Alguém que carregue por eles!”.

Assim Jesus foi gerado pelo Pai – para carregar todo fardo trazido sobre a humanidade pelo pecado. De fato, Davi viu o Senhor como alguém para carregar os fardos de toda humanidade: “Lança o teu fardo sobre o Senhor, e ele te susterá; nunca permitirá que o justo seja abalado” (Salmos 55:22). E Davi reconheceu sua própria necessidade de ter alguém que carregasse sua carga: “Pois já as minhas iniquidades submergem a minha cabeça; como carga pesada excedem as minhas forças” (38:4).

Não, a vinda de Jesus para a terra não foi uma reflexão posterior. Ele foi gerado pelo Pai desde o princípio, como ponto crucial de toda criação. E àquela altura, Deus – como um arquiteto colocando a ultima linha no projeto – deu uma olhada à obra, e se afastou. Finalmente estava completa. Agora Ele poderia descansar da criação!

É por isso que Jesus clamou em alta voz da cruz, “Está consumado!”. Ele estava dizendo, “Pai, o plano de redenção que Tu traçaste quando inicialmente criou o homem, foi cumprido. Tudo está completo agora!”.

Deus descansou no momento em que estabeleceu o dia da graça – ou seja, o dia de Cristo – como o sétimo dia de Sua criação. De fato, os primeiros seis dias foram dias para trabalho – representando toda a história antes da cruz. Mas hoje é o dia da fé. E desde o tempo da ressurreição de Cristo, temos vivido no dia de descanso de Deus – o sábado santo!

Agora, quando a palavra de Deus fala de descanso, inclui descanso físico. Mas o descanso santo do Senhor começa na alma: “Portanto, resta ainda um repouso para o povo de Deus” (Hebreus 4:9). Que descanso é esse? É o depositar de todos os fardos dos nossos pecados sobre Cristo!

O próprio Jesus disse, “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mateus 11:28). Ele está dizendo, “Pela fé, você precisa entrar no descanso do Pai. De agora em diante, você deve se recusar a carregar a sua carga de, e para o lar - e ao invés disso deve lançá-la sobre Mim. Eu sou o Senhor do sábado. E sou o único que pode carregar seus fardos!”.

Pergunto a você – por que tantos cristãos recusam a oferta de Jesus? Creio que se Jeremias vivesse hoje, ele ficaria assombrado com tantos cristãos que continuam a carregar fardos de pecado, e batalhas com a tentação. Ele provavelmente clamaria:

“Por que vocês estão carregando todos estes fardos em um dia de repouso tão glorioso? Jesus não disse a vocês da mesma forma como eu disse a Israel, 'Não tragam cargas para seus lares'? Então, por que vocês continuam a carregar tanta carga por aí? Vocês não devem carregar fardo algum no sábado, dia do repouso – pois é um dia santo ao Senhor!”

O ponto aqui é que o sábado significa que devemos cessar nossas próprias obras – ou seja, nossos empenhos usando a força humana – para merecermos a salvação de Deus: “Nem tireis cargas de vossas casas no dia de sábado, nem façais trabalho algum; antes santificai o dia de sábado, como eu ordenei a vossos pais” (Jeremias 17:22).

Eis aqui o segredo de como devemos santificar o dia do repouso: devemos lançar todos os nossos fardos sobre Jesus, e confiar que Seu Espírito Santo nos dará forças para a vida. É isso mesmo – nós honramos o sábado ao desistirmos de todos os nossos esforços na tentativa de vencermos o pecado e a tentação à nossa maneira.

Este é um mandamento que devemos observar não somente aos domingos – mas todos os dias!

“Mas se vós diligentemente me ouvirdes, diz o Senhor, não introduzindo cargas pelas portas desta cidade no dia de sábado, e santificardes o dia de sábado, não fazendo nele trabalho algum...

... Então entrarão pelas portas desta cidade reis e príncipes, que se assentem sobre o trono de Davi, andando em carros e montados em cavalos, eles e seus príncipes, os homens de Judá, e os moradores de Jerusalém; e esta cidade será para sempre habitada” (Jeremias 17:24-25).

Ora, sabemos que Cristo é a semente de Davi. E sabemos que Ele se assenta como rei, no trono de Davi. Mas quem são os reis e príncipes que Jeremias descreve aqui – os habitantes de Jerusalém sobre cavalos e carros?

Nós somos essas pessoas! E nos foi dada uma promessa incrível aqui: ao levarmos todas as nossas cargas ao carregador do fardo, viveremos em paz para sempre. Seu plano é que vivamos livres de toda escravidão!

De fato, o mandamento de Jesus de depositarmos nossas cargas sobre Ele não é uma opção. Devemos fazê-lo como questão de confiança n'Ele. Somente quando permitirmos que Ele carregue os nossos fardos, será Ele verdadeiramente rei e senhor de nossas vidas:

“Mas, se não me ouvirdes, para santificardes o dia de sábado, e para não trazerdes carga alguma, quando entrardes pelas portas de Jerusalém no dia de sábado, então acenderei fogo nas suas portas, o qual consumirá os palácios de Jerusalém, e não se apagará” (versículo 27).

O profeta está dizendo, “Se vocês não obedecerem ao mandamento de Deus para parar de carregar as cargas no Seu dia de repouso, vocês serão consumidos por elas! Vocês passarão o tempo todo falando de dores, estresse e sofrimento. Um fogo arderá dentro de vocês, e não se apagará. E no final, vocês serão destruídos – porque carregaram os seus próprios fardos!”.

Tragicamente, isto descreve muitos crentes hoje. Alguns mal conseguem dormir à noite, porque nunca param de pensar em seus problemas. Eles ficam revirando as coisas na mente, se perguntando, “Onde foi que eu errei? E como posso acertar tudo isso?”.

Quando acordam, suas mentes vão direto para os fardos; eles se lembram de um problema enquanto tomam banho... depois outro quando estão se vestindo...depois outro à mesa do café da manhã. Finalmente, quando saem pela porta da frente, estão tão oprimidos que não conseguem nem mesmo sorrir. Eles são como jumentos – sobrecarregados, sem paz, puxando cargas de um lugar para outro.

Muitos desses cristãos nunca conhecem sequer uma hora de descanso em Jesus. Que testemunho deplorável! Eles estão dizendo ao mundo que Cristo não tem poder para aliviar os nossos fardos!

Você pode dizer, “Pronto, Senhor – leve todas as minhas preocupações e cuidados. Lanço-os todos sobre Ti. Não quero carregá-los nem mais um dia!”.

Entretanto isto não é tão fácil quanto pode parecer. Largar nossos fardos requer uma atitude drástica. Requer um ato poderoso de determinação – e um tipo de cirurgia espiritual que somente o Espírito Santo pode operar.

Vemos isso ilustrado no livro de Neemias. Na época, os israelitas haviam fiel e diligentemente reconstruído os portões de Jerusalém. Mas uma vez os portões recolocados no lugar, o povo ignorou completamente a observância do dia de descanso. Toda semana, longas filas de animais sobrecarregados passavam pelos portões de Jerusalém, indo e vindo do mercado da cidade, carregando todos os tipos de mercadorias.

Como Jeremias, Neemias se enfureceu quando viu toda aquela atividade tendo lugar no sábado. Ele escreve:

“Naqueles dias vi em Judá homens que pisavam lagares no sábado, e traziam molhos, que carregavam sobre jumentos; vi também vinho, uvas e figos, e toda sorte de cargas, que eles traziam a Jerusalém no dia de sábado; e protestei contra eles quanto ao dia em que estavam vendendo mantimentos” (Neemias 13:15).

O profeta alertou o povo para largarem suas cargas e honrarem o sábado de Deus. Mas eles não ouviram. Então Neemias aumentou o nível de seu apelo: “Então contendi com os nobres de Judá, e lhes disse: Que mal é este que fazeis, profanando o dia de sábado?” (versículo 17). Ele estava dizendo, “Eu os repreendi, preguei a eles, os alertei. Mas não adiantou!”.

Finalmente, Neemias resolveu dizer chega. Ele sabia que o povo precisava de uma cirurgia espiritual; então, tomou uma atitude drástica:

“E sucedeu que, ao começar a fazer-se escuro nas portas de Jerusalém, antes do sábado, eu ordenei que elas fossem fechadas, e mandei que não as abrissem até passar o sábado e pus às portas alguns de meus moços, para que nenhuma carga entrasse no dia de sábado” (versículo 19).

Neemias colocou sentinelas nos portões. Mas mesmo assim as pessoas que carregavam cargas não se dissuadiram! Elas acamparam fora a noite toda, carregando suas cargas enquanto esperavam os portões serem abertos: “Então os negociantes e os vendedores de toda sorte de mercadorias passaram a noite fora de Jerusalém...” (versículo 20).

Amado, os seus fardos sempre irão acampar do lado de fora de sua mente – esperando uma oportunidade para entrar novamente. Você pode largá-los de noite. Mas pela manhã, eles estarão lá – as mesmas velhas preocupações e cuidados – esperando que você os pegue de novo. Nenhum sermão pode desalojá-los, e nenhuma exortação pode expulsá-los.

Então, o que Neemias fez para dar fim a todo o carregamento de cargas? Ele diz, “Protestei, pois, contra eles, dizendo-lhes: Por que passais a noite defronte do muro? Se outra vez o fizerdes, hei de lançar mão em vós. Daquele tempo em diante não vieram no sábado” (versículo 21).

Quando Neemias chegou ao limite de sua paciência, ele usou a força como ameaça. E amado, é isso exatamente que devemos fazer para manter todos os fardos fora dos portões de nossas mentes! Tal como o profeta, devemos clamar do fundo de nossa alma, “Esta não é a maneira de Deus! Eu vivo no dia do descanso – contudo a minha alma tem tudo, menos descanso. Todas os meus cuidados e preocupações vêm e vão como bem entendem. Preciso ter o domínio sobre esses fardos, custe o que custar!”.

Como Neemias, devemos falar às nossas preocupações e cuidados – nos dirigir a elas diretamente - na linguagem de Deus: “Você não pode mais me desgastar – porque tenho alguém para carregar o meu fardo! Jesus prometeu me aliviar qualquer carga. E te lanço fora agora mesmo, no precioso nome dEle! Eu fecho os portões da minha mente para vocês. Vocês não têm mais acesso; e se tentarem voltar para me atormentar, vou amarrá-las todas e lançá-las para trevas mais distantes!”.

As escrituras dizem, “... daquele tempo em diante, não vieram no sábado” (versículo 21). Amado, se nos mantivermos fiéis em largar nossos fardos, eles “não virão mais no sábado”. E isso vai ser prova suficiente de que estamos verdadeiramente vivendo livres de todo peso!

Então, Neemias disse, “... ordenei que elas fossem fechadas, e... que não as abrissem até passar o sábado...” (versículo 19). O que significa essa ultima frase - “passar o sábado”? Significa “o céu” - nosso último lar! Veja, o dia do repouso de Deus nos chama para vivermos todos os nossos dias livres do medo, da preocupação e da ansiedade – para andarmos no Espírito, sem mais fardos pesados – até que Jesus venha e nos leve para o lar!

Pergunto a você – você está guardando o dia de repouso em sua vida agora? Ou você está quebrando o sábado? Caro santo, a verdade é que você não tem mais o direito de carregar mais nenhum fardo sequer.

Ore comigo agora: “Jesus, pela fé eu empurro todas essas preocupações e fardos para fora da minha mente. Não vou mais tolerá-las. Aqui, Senhor – tome a minha carga financeira, o meu coração sofrido, a minha dor física, a minha tentação. São todas Tuas. Este é o Teu dia de descanso – e vou honrar o Teu mandamento!”.