As Exigências Sempre Crescentes da Fé

Por que a fé sempre continua exigindo mais e mais testes para nós? Por que nossas aflições ficam mais intensas, mais sérias, quanto mais perto chegamos de Cristo? Assim que acabamos de enfrentar uma provação na qual provamos ser fiéis e nosso coração declara, “Senhor, confiarei em Ti em todas as coisas”, lá vem uma outra prova, de intensidade maior.

Essa experiência é compartilhada pelos cristãos de todo o mundo; vejo isso em todas as minhas viagens, de continente a continente, e o nosso ministério regulamente recebe cartas de leitores que testificam da intensidade crescente de suas provações.

Um piedoso pastor amigo meu há pouco me disse: “Nunca amei Jesus mais do que atualmente. Ainda assim nunca fui provado com tanta intensidade; a provação que estou enfrentando agora me deixa impressionado e fico até sem fala. Nunca me senti tão sem saída, tão sem saber o que fazer. E não vejo saída humana para as minhas dificuldades. Simplesmente não tenho mais respostas; me vejo ansiando ir para o céu, para descansar desse conflito”.

O fato é que todo santo que alguma vez se aproximar do coração de Deus irá encontrar sua carga e provações se tornando mais intensas. Chamo essa experiência de exigências sempre crescentes da fé. E é um padrão que vemos por todas as escrituras.

1. Veja as exigências sempre crescentes sobre a fé de Abraão

Quando pela primeira vez lemos de Abraão, Deus lhe pede que faça as malas com a família e viaje para um lugar não dito. Isso deve ter sido um tremendo teste para Abraão, assim como para os seus queridos; ainda assim, pela fé, ele obedeceu. Foi pela fé que viveu entre estranhos em terras estranhas, porém se manteve ileso e abençoado. E pela fé Abraão foi livrado de qualquer crise, por meio de sonhos e visões sobrenaturais dadas pelo Senhor.

À certa altura, Deus manda Abraão contemplar o céu estrelado, dizendo, “Olha para os céus e conta as estrelas, se é que o podes... Será assim a tua prosperidade” (Gênesis 15:5). Em outras palavras, “Abraão, esse é o número de filhos, netos e familiares que você vai ter. Eles serão tão numerosos quanto as estrelas”.

Que promessa incrível. Essa palavra dada a Abraão estava além da capacidade de qualquer humano absorver. Qual a reação de Abrãao à essa promessa? “Ele creu no Senhor” (15:6).

Qual foi o resultado desta fé de Abraão? O que essa confiança profunda e persistente significou aos olhos de Deus? Encontramos a resposta em um versículo único: “Ele creu no Senhor, e isso lhe foi imputado por justiça” (15:6- itálicos meus). Vez após vez Abraão pos sua fé em Deus, e foi considerado justo aos olhos do Senhor.

Quando chegou à faixa dos 100 anos de idade, Abraão havia sustentado uma vida de incríveis testes de fé. Em tudo isso, dizem as escrituras, ele confiou em Deus. E agora o Senhor diz o seguinte em relação a esse homem fiel e obediente: “Eu o escolhi para que ordene a seus filhos e a sua casa depois dele, a fim de que guardem o caminho do Senhor e pratiquem a justiça e o juízo” (18:19).

Você está vendo o que o próprio Deus diz desse homem? Ele declara, “Confio em Abraão. Ele tem uma fé provada”. Isso levou o Senhor a dizer, “Ocultarei a Abraão o que estou para fazer?” (18:17). Quando Deus disse isso, estava prestes a realizar uma importante obra. Ele estava declarando, em essência, “Como Eu poderia ocultar algo tão importante de um homem tão fiel?”. Então o Senhor compartilhou com Abraão um segredo que nenhum outro ser humano sabia: Sodoma estava prestes a ser destruída.

Em sua velhice, a Abraão foi dado o filho prometido por Deus. O nome Isaque quer dizer “sorriso”, e por um tempo o nome desse menino parecia descrever a vida de Abraão. Tudo indica que Abraão desfrutou os anos posteriores livre de provações. Deus parecia lhe haver dado um folga das lutas. A imagem é a de um homem muito velho, bem respeitado e desfrutando de um tempo de paz na vida.

Contudo, mais uma vez lemos, “Depois destas cousas, pôs Deus Abraão à prova” (Gênesis 22:1). Depois de tantos anos de enfrentamentos – de todas as aflições, de testes, das exigências sempre crescentes da fé – o piedoso Abraão, tão confiável e amado da parte do Senhor, enfrenta a exigência mais incrível que já fora feita de sua fé.

Deus diz ao patriarca, “Toma teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; oferece-o ali em holocausto” (22:2).

Quando leio isso, a minha racionalidade humana grita, “Senhor, este homem já foi testado até o limite; ele não precisa provar sua fé - tu já conheces o seu coração! Tu mesmo declaraste que a fé dele em Ti foi comprovada. Ele está em um momento tão maravilhoso de fé agora. O sonho de toda uma vida se cumpriu para ele - a Tua promessa foi cumprida nestes últimos anos. Por que ele teria de suportar mais uma provação agora?

"Esse homem breve estará na glória contigo. Quem irá se beneficiar dessa provação? Quem na geração de Abraão algum dia ouvirá desta prova ocorrida numa montanha isolada? Tu sabes que Abraão vai confiar em Ti agora - ele já provou isso, muitas vezes. Então, do que se trata essa provação? Seria um caso de punição? O que há em Abraão para se punir? Ele é um velho. Ele tem toda uma história de orações e de confiança em Ti nas várias áreas da vida”.

Você conhece a história. Deus poupou Isaque, substituindo-o por um carneiro no sacrifício; e disse à Abraão: “Agora sei que temes a Deus, porquanto não me negaste o filho, o teu único filho... Porquanto fizeste isso... deveras te abençoarei... a tua descendência possuirá a cidade dos seus inimigos, nela serão benditas todas as nações da terra, porquanto obedeceste à minha voz” (Gênesis 22:12, 16-18).

Deus disse à Abraão, em verdade, “Sei agora que você nunca irá reter algo de Mim, nem mesmo o teu precioso filho. Sei que sou tudo para você, Abraão. E por você ter provado isso, vou lhe abençoar”.

Ouça o que o Espírito está dizendo nesta passagem, “Outras pessoas poderão nunca ficar sabendo dos seus sempre crescentes testes de fé. Você poderá sofrer isolado, só, sem que pessoa alguma seja beneficiada por seu testemunho de fé e perseverança. Na verdade, você poderá ser julgado por teus sofrimentos quando alguns pensarem, 'Por que ele está passando por tudo isso? Parece não haver justificativa; me pergunto onde ele pode ter errado na vida. Que pecado ele cometeu para produzir esse tipo de sofrimento sobre si?”'.

Porém, você pode saber que o Deus que o levou à essa provação de fé sabe qual o significado dessa provação. As suas lágrimas foram todas contadas por Ele, e cada dor sua foi sentida pelo Seu coração. E o Senhor lhe assegura: “Isso terminará em bênção. Irá impactar a tua família”.

Abraão já estava na glória quando estas promessas foram cumpridas pelo Senhor. Mas a sua família, a nação de Israel, e finalmente toda a humanidade iriam ser beneficiadas pela fé provada por ele. De igual modo, você poderá não estar presente quando Deus abençoar sua família e filhos espirituais. Mas o Senhor deixa claro a todo servo que persevera com fé nEle: “Tudo isso terminará em bênção”.

2. Veja as exigências sempre crescentes sobre a fé de Davi

Davi era conhecido como homem que confiava inteiramente em Deus. Ele declara o tema de sua vida quando escreveu, “O Senhor é a minha força e o meu escudo; nele o meu coração confia, nele fui socorrido; por isso, o meu coração exulta, e com o meu cântico o louvarei” (Salmo 28:7).

Não eram meras palavra para Davi. As escrituras registram acontecimento após acontecimento em sua vida quando ele mostra grande fé em situações impossíveis. Pela fé, Davi matou um leão e um urso com as próprias mãos; colocando sua fé em Deus, matou o gigante filisteu Golias; pela fé escapou das tentativas que Saul fez para matá-lo. E pela fé teve grandes vitórias contra todos os seus inimigos. Posteriormente, pela fé e pelo arrependimento, Davi foi restaurado ao trono após seu filho Absalão tentar lhe matar. Simplificando, Davi vivia e respirava fé no Deus vivo.

Em meio à todas estas coisas, Davi se vangloriava no Senhor: “Como é grande a tua bondade, que reservaste aos que te temem, da qual usas, perante os filhos dos homens, para com os que em ti se refugiam!” (31:19). Não é de se admirar que as escrituras chamem Davi de homem segundo o coração de Deus.

No entanto também sabemos pelas escrituras que esse abençoado homem era dolorosamente tentado. Davi foi vencido pelo adultério. Ele passou dias, semanas, meses com dor angustiante devido à outras lutas. Houve episódios na sua vida quando tão atormentado e aflito, ele pedia a morte. Em verdade, Davi sofreu vários ataques de depressão; ficou tão aniquilado a ponto de nenhum conselheiro conseguir consolá-lo. Ele fala de noites em claro chorando, da solidão intensa, e de seu espírito arrasado.

Contudo em meio a todos aqueles anos de intensos testes e aflições, Davi nunca perdeu a fé. Poucas pessoas nas escrituras foram testadas e provadas quanto este homem. E ele saiu de cada um deles com fé sempre crescente.

Vimos quantos testes e provações foram suportados tanto por Abraão quanto por Davi, ambos grandes homens de fé. A minha pergunta é:

Será que em nosso caminhar com Deus chegamos a um momento quando nos tornamos tão confiáveis, provando sermos pessoas de fé durante anos de provação – a ponto de podermos esperar uma folga do combate espiritual? Será que por ventura há férias de problemas, um tempo quando podemos relaxar livre de lutas? Seria possível chegar à uma situação de não ter de provar nada, chegar a um ponto na fé quando não é mais preciso uma provação?

A resposta, segundo as escrituras, é não. O fato é que o oposto é verdadeiro: as pressões sobre o homem fiel progressivamente vão se tornando mais sérias e problemáticas. A Bíblia sustenta isso vez após vez, do Velho ao Novo Testamento.

Mais uma vez busco o exemplo de Davi. Em I Crônicas 21, encontramos Davi como um santo idoso. À essa altura as escrituras dizem que ele é inteiramente amado por Deus, admirado pelos anjos, um homem provado e de grande fé. Ao imaginar esse quadro, o meu raciocínio diz:

“Ó Senhor, Davi ficou tempo suficiente dentro das chamas da aflição; vez após vez ele lutou até cair; a vida dele é um testemunho estabelecido à Tua fidelidade. Por favor Deus, dê um tempo de folga à ele; deixe que ele aproveite esse tempo com os netos. Tu já conheces o seu coração. Por que não podes deixá-lo se aposentar em paz? Que não haja mais lutas para um homem tão fiel”.

Seria esse o plano de Deus para Seu amado servo? De jeito algum. Em vez disso, lemos, “Então, Satanás se levantou contra Israel e incitou Davi a levantar o censo de Israel” (I Crônicas 21:1).

Davi, em atitude de orgulho, promoveu um recenseamento, para saber o quão populoso Israel havia se tornado. Para um homem que havia vivido uma vida inteira pela fé no Senhor, esse foi puramente um ato da carne. E Deus se desagradou disso. Davi então enfrenta um terrível sofrimento, talvez a maior aflição de sua vida.

Uma peste devastou Israel, provocando a morte de 70.000 homens. Quando Davi compreendeu que isso estava acontecendo por causa de seu pecado, vestiu-se de sacos e se prostrou sobre seu rosto em angustiante arrependimento. Ele orou sem cessar, lançando-se unicamente à misericórdia de Deus - e o Senhor cessou a peste.

Mais uma vez, tenho de me perguntar: por que Deus permitiu que Satanás tivesse tal acesso à esse homem já provado, homem de oração? Por que testar a fé de um santo já idoso que já estava perto da morte? Imagino o Davi ancião mal conseguindo se ajoelhar em arrependimento. Por que uma cobrança tão incrível foi lançada sobre sua fé? O que poderia Deus estar buscando em Davi?

Estou convencido de que essa mesma pergunta entra na mente de muitos santos homens de Deus em relação às suas próprias vidas de fidelidade: “Senhor, Tu conheces o meu coração. Tenho confiado em Ti durante anos de testes e provações martirizantes. Tu sabes que irei confiar em Ti não importa o que eu tenha de enfrentar na vida. Então, o que Tu buscas? Do que se trata o sofrimento desesperador desta hora?”.

Tenho duas respostas à essa questão, ambas tiradas daquilo que vejo nas escrituras.

1. A primeira razão para essas provações contínuas é bem conhecida à maioria dos cristãos. Ou seja, a vida de fé continuamente demonstra a necessidade que a humanidade tem de Deus em todas as coisas. Em termos simples, jamais chegamos ao ponto de não necessitarmos de Deus. A idéia de “férias de provações” pressupõe “férias de necessitar”. E nunca haverá um tempo em que as nossas necessidades sejam preenchidas pelas circunstâncias. O Senhor é a nossa fonte, o nosso tudo em tudo.

A Bíblia mostra um exemplo após outro quando as necessidades de Israel foram cuidadas e o povo parou de depender de Deus. Ficaram preocupados querendo saber de onde iriam receber sustento, quando Deus já tinha prometido suprir todas as necessidades. Como Jesus nos diz, o propósito não é ter as necessidades atendidas, mas nos alimentarmos de toda palavra que proceda da boca de Deus (v. Mateus 4:4).

2. Estou convencido de que há uma razão adicional por trás de nossas sempre crescentes aflições – por trás das provações que exigem sempre uma fé maior – e que vai muito além de qualquer coisa que tenha a ver com esse mundo. Do que leio nas escrituras, os eleitos de Deus estão sendo preparados para ministério na glória. E as nossas aflições de hoje têm o objetivo de produzir vitórias relacionadas com os propósitos do Senhor na eternidade.

Isso é mais claramente demonstrado na vida do apóstolo Paulo. Nele vemos o exemplo no Novo Testamento das exigências sempre crescentes da fé.

3. Veja as exigências sempre crescentes feitas sobre a fé de Paulo

Todos já lemos dos perigos que Paulo enfrentou. Em 2 Coríntios 11:24-28 ele faz uma lista de todas as aflições que suportou, tanto “por fora” quanto “por dentro”.

“Cinco vezes recebi dos judeus quarenta chibatadas menos uma. Três vezes fui espancado, uma vez apedrejado, três vezes passei por naufrágios. Passei uma noite e um dia em mar aberto, e constantemente me mantive mudando de moradia.

"Enfrentei perigos em rios, perigos devidos a bandidos, perigos devidos a meus compatriotas, aos gentios, perigos na cidade, no campo, no mar, perigos devidos aos falsos irmãos. Trabalhei e labutei muitas vezes sem dormir. E conheci a fome, a sede, muitas vezes sem alimentos. Conheci o frio e a nudez.

"Além de tudo, enfrento a cada dia a pressão das minhas preocupações por todas as igrejas” (paráfrase minha).

Paulo declara que nenhuma de suas aflições externas mexem com ele, e sua vida prova isso; na realidade, à cada vez que estava prestes a entrar em uma cidade, o Espírito Santo o lembrava quanto às correntes, cadeias e aflições que o esperavam. Paulo diz, em resumo, “A minha simples presença agita as coisas por onde eu vou. Enfrento intenso sofrimento físico em todas as cidades. Um mensageiro de Satanás foi enviado para me atormentar”. Mas ele conseguia suportar tudo isso, diz, “porque em nada considero a vida preciosa para mim mesmo” (Atos 20:24).

Os sofrimentos mais profundos e intensos de Paulo tinham a ver com os problemas e cargas dos outros; ele era levado às lágrimas pelas grandes aflições sofridas pelos da igreja. Ele diz, de várias maneiras, “Os espancamentos e naufrágios que sofro não conseguem me afetar, pois não considero minha vida como de valor. Antes, são as coisas interiores – as batalhas mentais, as dores emocionais em favor dos meus queridos – que causam mais angústia”.

Me identifico com Paulo em Atos 20. Aqui encontramos o apóstolo em Éfeso, dizendo adeus aos santos daquela cidade. Então, Paulo se aproximava das últimas voltas de sua carreira; havia combatido o bom combate, e guardado a fé, e agora estava a caminho de Jerusalém. Então ele se despede dos crentes de Éfeso, dizendo, “Vocês não verão mais o meu rosto”.

Paulo então profetiza sobre esses crentes uma mensagem profundamente dolorosa, com lágrimas e angústia, “Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes, que não pouparão o rebanho. E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens falando cousas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles” (Atos 20:29-30).

Que verdade lancinante para Paulo enfrentar perto do fim de seus dias. O quão compungido esse piedoso homem deve ter se sentido; não consigo imaginar o quanto a reunião foi difícil para esse pastor tão amoroso, que havia se dado inteiro a tais crentes.

Assistindo Paulo zarpando, a minha carne quer dizer, “Senhor, ele já combateu o suficiente de combates! Deixe que ele vá a Jerusalém ter um tempo de descanso sem cargas. Permita que ele se aqueça no amor e na comunhão dos santos lá. Que seus dias finais sejam cheios de paz e tranquilidade, livres da dor e da aflição”.

Porém, uma semana após ter chegado a Jerusalém Paulo foi arrastado para fora do templo, deixando a cidade inteira em tumulto. Outra vez, o apóstolo foi posto sob correntes; depois de todas as provações e sofrimentos que havia suportado, aqui chega mais exigência sempre crescente sobre a sua fé. Isso significou ainda mais uma prisão, mais um comparecimento ao tribunal, mais um julgamento.

Por haver apelado ao imperador, Paulo agora é enviado à Roma; mas até antes de isso acontecer, Paulo enfrentou mais sofrimento. O navio no qual navegava foi açoitado por tremenda tempestade, e todos a bordo tiveram de nadar até a margem. Uma vez em terra, Paulo foi picado por uma serpente venenosa, fazendo com que os tripulantes se dirigissem a ele achando que fosse amaldiçoado. Foi como se Satanás estivesse dizendo, “Você agora está morto, apóstolo”. Mas Paulo sacudiu a cobra, não sofrendo nenhum efeito do veneno mortal.

O grupo retomou a navegação e Paulo chega à Roma. Finalmente, pensamos, “Agora chegou o alívio, umas férias para Paulo”. Pelo contrário, ele passa os dois próximos anos ali sob prisão domiciliar acorrentado a um soldado romano em uma pequenina e barata casa alugada. Foram nestas circunstâncias humilhantes que Paulo morreu como mártir.

Aflições sempre crescentes exigindo sempre firmeza de fé, se tornam pedra de tropeço para muitos crentes

Paulo foi acusado por outros cristãos de estar sendo castigado por Deus. Disseram que seus sofrimentos eram resultado de falta de fé, ou devido a algum pecado secreto que ele escondia. Além disso, o mensageiro de Satanás enviado para atormentar Paulo nunca o deixava, esbofeteando o apóstolo até a hora de sua morte.

Quando vemos Paulo vivendo seus últimos dias nessa pequena prisão domiciliar – alcançando os judeus que o visitavam um por um, com as boas novas de Jesus – achamos ser impossível explicar porque esse amado servo teve de suportar uma provação extrema como essa após anos de sofrimentos. Humanamente, não conseguimos compreender.

Pessoalmente, acho que simplesmente não conseguimos explicar porque tantas pessoas justas enfrentam sofrimentos insuperáveis. Nunca seremos capazes de declarar todas as razões para que dificuldades aumentem para os que amam profundamente a Deus. Podemos achar que “tudo é para ensinar paciência”. Ou, “isso ensina o povo de Deus a confiar mais nEle”. Porém, muitas vezes quando dizemos essas coisas elas são nada mais do que clichés; certamente são vazias de significado para os que estão enfrentando situações críticas.

Desejo oferecer uma palavra especial a todos que tenham atravessado tormentas e fornalhas ardentes de aflições, e estejam se confrontando com sofrimentos sempre crescentes. Eu creio ser possível que seu tempo de provação nada tenha a ver com castigo. Antes, é o seguinte:

Algo eterno – algo tendo a ver com a sua vida no novo mundo que virá – está no centro de suas tribulações. A batalha que você está enfrentando agora não tem a ver com esse mundo, nem com a carne, ou com o Diabo. Antes, o conflito que você está enfrentando é preparação para o seu eterno serviço na glória. Você está sendo preparado para serviço do outro lado.

Pense no seguinte: no mesmo dia que você se comprometeu a confiar em Deus a qualquer custo, Ele sabia que o problema que você enfrenta agora viria. Ele sabia então – e você sabe agora – que você O iria amar em meio a tudo que caísse sobre a sua vida. Pela graça você está resolvido a ser um vencedor.

Estou convencido de que agora mesmo tudo que você está enfrentando aponta para a Nova Jerusalém. O apóstolo João escreve sobre esse tempo futuro: “Já não haverá noite... e reinarão pelos séculos dos séculos” (Apocalipse 22:5). “Os constituiste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra” (5:10).

Tudo isso fala de atividade; sugere que Deus está nos preparando agora para aquilo que Ele deseja nos confiar no novo mundo. Colocando em termos simples, Ele tem planos para nós além de nossa compreensão. Paulo fala disso quando diz que serviremos a Deus continuamente com todo júbilo: “(Deus) juntamente com ele (Cristo), nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus; para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em bondade para convosco, em Cristo Jesus” (Efésios 2:6-7 – itálicos meus).

Pense nisso: nós iremos ouvir testemunhos da misericordiosa bondade de Deus por séculos e séculos. E haverá grande poder de canto. Imagine a reunião de louvor que terá lugar quando todos os anjos cantarem dos pecadores agora salvos. Se esses seres celestiais se alegram por um pecador, como Jesus diz, como será então o som quando milhões de remidos de todas as eras chegarem marchando?

Em uma grande provação há pouco, pedi ao Senhor: “Se há lições que preciso aprender a partir da provação deste momento, por favor ensine-me”.

O Espírito falou claramente ao meu coração: “A provação que vocè está passando nesse momento não tem a ver com punição. Não tem a ver com esse mundo de modo algum. Esse teu sofrimento intenso e que dura há tanto tempo tem a ver com a eternidade. Estou preparando-te para o teu serviço e ministério no Meu reino”.

Prezado santo, creio que estamos sendo desapegados de tudo que é desse mundo. As dores que estamos vivendo nesse momento são terríveis dores de parto. Deus tem nos permitido ficar enfraquecidos de força humana para que possamos cessar todo nosso empenho, e deixá-Lo nos levar o resto do caminho.

Há um velho hino evangélico que diz, “E no porvir/ Ao raiar da manhã/ Quando todos os santos de Deus estivermos reunidos/ Contaremos a história de nossa vitória/ E entenderemos melhor/ Dia a dia”.

Tenho testificado da bondade de Deus toda a minha vida. E no novo mundo que chega, também vou contar a minha história pelo céu inteiro, sobre o quão real, íntimo e misericordioso Jesus foi para comigo nos piores momentos. Glória a Deus!